quarta-feira, maio 03, 2006

Queima

"Os olhos pregados na savana queimada,
o frio do lado escuro, nas costas dos braços,
a prostração diante do que não tem remédio,
a impaciência de quem espera chegarem os teus passos."
Rui Aseglo

Estou desolado. Vejo a terra ardida, de um fogo nunca antes visto. E é diferente de facto; este arde devagar, muito devagar, leva anos a consumir, mas não pode ser extinto. Há bombeiros a toda a volta, que de nada podem valer à savana. Não há água, nem pós ou outras manhas que consigam extinguir esta combustão. É a nossa terra. Como esta não há outra, nem tem nenhuma outra igual valor. Quando o grande incêndio terminar, pouco ou nada restará. Vamos ser só nós, um podengo vadio quase adoptado por ti, quem não nos larga nem por nada, mais ninguém lhe deu de comer.
Martinho

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como dois caos que se coçam
nos entretemos.
Nao é o fogo de um desejo fátuo
o que nos acende:
é a roda que desenhamos
com o mijo quente do cansaço,
esse suor que marca o nosso espaço
no meio de um adeus pouco adiado
sem afagos, sem apego,
arrefecido.

3:58 da tarde WEST  

Enviar um comentário

<< Home