segunda-feira, novembro 06, 2006

Também eu

So am I

A fotografia vazia fria, que tirei uma vez no teu quarto, tu nela, sentada, serena, em contemplação de mim, a eternidade por detrás das tuas costas, e a luz cambiante também. Tu sorris; pouco, mas sorris, e olhas de lado. Parece que nem respiras.

So am I

Hordas de gerações, vão passando por aqui, indiferentes.

So am I

Pensar que não sou mais perene que uma nódoa, ou um fio puxado numa camisola.

So am I

Ver a chuva, impassível, borrifando-se no que molha.

So am I

Por caridade. Por mais nada, podíamos ter sido poupados à verdade das despedidas finais.

Assim és tu, também.


Martinho