Também eu
So am I
A fotografia vazia fria, que tirei uma vez no teu quarto, tu nela, sentada, serena, em contemplação de mim, a eternidade por detrás das tuas costas, e a luz cambiante também. Tu sorris; pouco, mas sorris, e olhas de lado. Parece que nem respiras.
So am I
Hordas de gerações, vão passando por aqui, indiferentes.
So am I
Pensar que não sou mais perene que uma nódoa, ou um fio puxado numa camisola.
So am I
Ver a chuva, impassível, borrifando-se no que molha.
So am I
Por caridade. Por mais nada, podíamos ter sido poupados à verdade das despedidas finais.
Assim és tu, também.
Martinho