Aconteceu a um amigo meu (a pedra)
A ausência instala-se como se fosse uma novidade. Conquista território, não se expande para além das partes do corpo que normalmente acolhem emoções, principalmente o peito e a alma, mas toma inexoravelmente conta de mim. Exerce um peso, na nuca, em particular. Se tivesse uma banda sonora, seria um zunido. Despoleta um sentido de fraqueza, mas a última coisa que me ocorre é comer. Ligado à máquina, desenharia uma linha contínua, com raras oscilações, que mais não seriam que suspiros.
Os olhos ficam secos de pouco pestanejarem, fixados num ponto sem culpa, e um abraço teu era tudo o que eu queria.
Martinho